O debate sobre terras indígenas e suas questões de direito são fundamentais para quebrar preconceitos e paradigmas, além de aprofundar a compreensão desses assuntos. Os Créditos de Carbono e os REDDs (Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação) são os temas mais recentes nesse debate. Pensando nesse contexto a Faculdade Estácio do Pará promoveu, dentro da I Jornada dos Povos Indígenas, a mesa redonda “Mercado de Carbono: Terras Indígenas e Questões de Direito”.


Direitos Indígenas

O Juiz Raimundo Rodrigues Santana, Mestre em Direito Ambiental, começou a explanação ressaltando a importância da população se livrar de preconceitos, conhecendo cada assunto para tirar suas próprias conclusões.

Raimundo lembrou que certa vez, em palestra sobre Comunidades Indígenas, um professor Mestre pela Universidade Federal do Paraná, frequentemente errava algumas palavras em seu discurso. O palestrante, percebendo o incômodo do Juiz com os tropeços da língua, ressaltou que para ele o português era só mais um idioma, dentre os seis que ele falava, os quais cinco eram indígenas. O episódio fez com que Raimundo Rodrigues, percebesse o quanto é grande o preconceito dos não-indígenas e a importância de se abrir para essas culturas. “Temos que esquecer as Caravelas, pois os índios de hoje não são mais os de 500 anos atrás. Nós temos que compreender os indígenas, entendendo que somos uma comunidade plural, e partes integrantes da sociedade brasileira. A pouca compreensão e a fraca percepção desses conceitos se dá pelo preconceito”, disse.

O juiz afirmou ainda que os artigos 231 e 232 da Constituição tratam especificamente do indígena, numa visão multicultural, reconhecendo os direitos pelas áreas tradicionalmente ocupadas pelas comunidades, embora essas sejam de difícil identificação. As terras são de posse permanente dos índios, mas de propriedade da União, ou seja, não podem ser vendidas e são apenas para usufruto dos índios. Além disso, a lei também garante que as comunidades sejam ouvidas no Congresso Nacional quanto ao uso das terras pelo governo, e isso não é o que acontece. Exemplo claro é a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que afetará muitas comunidades em seu entorno quando construída. Raimundo afirmou que nesse processo “seria imprescindível que as comunidades indígenas fossem ouvidas pelo Congresso Nacional acerca das problemáticas que envolvem a construção da dela, mas isso não foi o que efetivamente aconteceu”, explicou.

O Juiz concluiu sua introdução dizendo que o Mercado de Carbono pode ser (se bem formulado e aplicado de forma correta) um dos instrumentos possíveis para a preservação e conservação de um ambiente ecologicamente equilibrado.


Um mercado ambiental?

O Dr. Thomas Mitschein(POEMA-UFPA), abriu a segunda etapa do debate apresentando uma serie de questionamentos sobre o mercado de carbono, sobre o futuro das sociedades altamente industrializadas e poluidoras. O sociólogo apresentou uma contextualização socio-ambiental do desenvolvimento da sociedade capitalista, em que todos os bens, inclusive os naturais podem virar mercadorias. Nesse sentido, afirma Thomas, o Crédito de Carbono não é exceção.

Com o aquecimento global, o efeito estufa afetará a todos os países, uns mais outros menos, proporcionalmente aos diferentes níveis econômicos. “A humanidade enfrenta uma relação direta entre economia e ecologia. A economia nos leva a insistência de viver dentro de determinado padrão de consumo e ecologicamente falando, nós não conseguimos viver ainda, dentro deste padrão de forma sustentável”, explicou Thomas.

Países emergentes como o Brasil, a China e a Índia, já estão na lista dos 10 maiores poluidores do mundo e Thomas vê possibilidades estratégicas na implementação de um mercado efetivo de carbono. Ao contrário do Protocolo de Kyoto que prevê paliativos sobre áreas já degradadas, o REDD é uma alternativa para manter as florestas em pé e evitar o uso predatório dos recursos naturais através de um mecanismo de compra e venda.

Para ele, o mercado de carbono tem o potencial de aproveitar de forma mais sustentável os recursos naturais. E isso envolve naturalmente questões do território indígena.
Para Dr. Thomas, esses recursos tem que ser necessariamente destinados para o beneficio dos indígenas, do Brasil e da sustentabilidade e que “Esse tema envolve um sujeito complexo, implicações jurídicas e mercados complicados, mas não pode ser desconsiderado como um mecanismo que poderia resolver problemas graves de todas as terras no Brasil”.

A FUNAI não dispõe de recursos para garantir solução para esses problemas, pois o repasse do Governo Federal para a solução desses problemas não são proporcionais ao tamanho do problema. Com isso uma riqueza está ameaçada, uma riqueza não só dos indígenas, mas do Brasil, uma riqueza maior do que todas as indústrias do Estado de São Paulo juntas. A questão é saber usá-las, o primeiro passo, é protegê-las. O sociólogo completa, “o mecanismo do REDD deve ser aproveitado para mobilizar recursos e proteger essas riquezas, para os indígenas e com os indígenas”.

Proteção territorial

O Coordenador Regional da FUNAI de Belém, Jouscelino Bessa, diz que o órgão utiliza-se da provocação com relação ao REDD, pois os recursos destinados para a proteção do território indígena são insuficientes. Desde 2005 a FUNAI discute os créditos de carbono. Atualmente existem três propostas com relação aos REDDs em tramitação no Senado, e ainda não se sabe qual será aprovada, por isso apesar da posição fomentadora do debate pela FUNAI, essa ainda não foi estendida aos índios pela falta de regulamentação.
A provocação vem no sentido de que esse REDD venha para trazer mecanismos que façam as comunidades indígenas resistirem a assédios. A ideia é construir o REDD visando proteger essas comunidades. “Nós não temos como bancar a defesa desse território, a provocação tai.”

O que dificulta ainda mais a as questões do REDD e Créditos de Carbono é que a constituição não permite contratos de terras na floresta amazônica.

Segundo Jouscelino Bessa, sem regulamentação a maior parte do governo brasileiro entende que o REDD pode ser perigoso, e completa, “Se colocarmos a nossa floresta nesse mercado, todos vão comprar os créditos e não se preocuparão em diminuir as emissões em seus países e se não protegermos as populações que lá estão, a floresta vai sumir do mesmo jeito. A proteção da floresta é o meio mais eficaz de minimizarmos as emissões e consequências do efeito estufa.”

Território indígena e seus habitantes

O Kaingang, Edmar Fernandes, Presidente da Associação dos Indígenas da UFPA, faz mestrado em Direito pela UFPA, começou a palestra agradecendo o convite, dizendo que a sua participação na mesa é importante para os indígenas, pois essas discussões se ampliarão quando repassadas as lideranças nas aldeias.

“A terra tem muita importância para nós indígenas. Somos mais de 250 povos indígenas, só no Pará são mais de 50. Portanto pensamos diferentes um dos outros, temos conhecimentos específicos, vivemos em lugares e ambientes diversos, então a terra para nós, faz parte de algo maior, é lá que trabalhamos a nossa identidade, o ‘ser’ indígena, então é necessário que tenhamos autonomia sobre ela, pelo nosso usufruto”.

Pela incompreensão desses fatores, muitas vezes o indígena é discriminado pela forma como utiliza as suas terras, diz Edmar, “O modo de utilização do solo, é diferente para os índios, e nas suas delimitações somos nós que mandamos, portanto somos nós que definimos como utilizaremos nossas terras”.

As questões dos REDDs deixam os indígenas receosos quanto à forma que essas terras serão utilizadas e que essas questões abrem precedentes para mais uma colonização, de varias que eles já enfrentaram.

Edmar Fernandes finaliza dizendo “A declaração universal dos povos indígenas garante a consulta aos povos quanto à utilização dessas terras, então é necessário que os povos sejam consultados e que dessa forma sejam mostrados os dois lados da moeda e até onde pode ser bom e até onde pode ser ruim para os índios. Quais os impactos dos REDD para os povos indígenas? Ele esta sendo discutido da forma correta? De que forma pode garantir o direito ao uso dessas terras? E de que forma pode contribuir para a continuidade dos nossos povos?”.

Essas e outras questões ainda terão de ser respondidas para que possamos ter certeza se os Créditos de Carbono, de fato, poderão ser a mudança definitiva para soluções em sustentabilidade de que o planeta necessita.

Por Mateus BreyerÍndio quer saber

Estimados Parceiros,

Preciso agradecer a todos vocês pelo importante apoio, para a realização da I Jornada dos Povos Indígenas da Estácio FAP (16 a 20 de abril).

Um projeto que nasceu pequeno, como um projeto de responsabilidade social e extensão acadêmica e, que foi crescendo graças ao incentivo de todos. O projeto objetivava aproximar nossos universitários dos temas amazônicos, das questões culturais e sociais dos povos indígenas e criar um canal de comunicação entre universitários indígenas e não indígenas.

Estamos chegando ao final do evento com um saldo super positivo. E cabe uma reflexão sobre este processo. O evento nasceu como resposta a notícia amplamente midiatizada em 12 de março pela Agencia Estado e aqui veiculada no Jornal Liberal com o título: “Por milhões de dólares, índios vendem direitos sobre terras na Amazônia”. O que nos inquietou além do próprio ocorrido foi o fato de que este tema tão relevante que acontecia no Pará no município de Jacareacanga e dizia respeito a REDD em terras indígenas, ser desconhecido pela maioria da população de Belém, cidade considerada uma das capitais da Amazônia.

Entendemos que como uma Instituição de Ensino Superior, precisamos buscar respostas para a sociedade e neste sentido começou nossa jornada…

Iniciamos os trabalhos levando este fato para os alunos de comunicação e  apresentando as linhas iniciais do projeto I JORNADA DOS POVOS INDÍGENAS que visava discutir na faculdade e fora dela esta temática. Buscamos incentivar por meio de trabalhos integrados a participação acadêmica. De acordo com a grade curricular escolhemos trabalhar com as turmas do 5º período de Comunicação Social, por meio das disciplinas MÍDIA e COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL INTEGRADA. A turma  respondeu com muita eficiência. A equipe PIATÃ criou uma ação de marketing emocional “ABRACE UM ÍNDIO, ABRACE UM IRMÃO” que representou a alma deste projeto gerando ações que ocorreram na faculdade e na cidade.

A equipe MYSEM se aproximou da organização e das pesquisas preliminares para criação do evento, criou além de ações de Marketing de Guerrilha a campanha “ÍNDIO QUER SABER: CARBONO É DE QUEM?”, bem como toda programação visual que foi adotada por nós e executada pela agência experimental PAI D’ÉGUA com muito trabalho e profissionalismo. O resultado vocês puderam acompanhar durante o evento, por meio das notícias geradas na imprensa, nas mídias sociais, neste blog.

Durante cinco dias alunos de diversos cursos da faculdade puderam conhecer um pouco deste delicioso universo cultural. Começaram a entender ou a se indagar sobre REDD na Amazônia, sustentabilidade, etnicidade. Enfrentamos o preconceito, quebramos tabus e o melhor: muitos alunos vestiram a camisa, se pintaram com urucum, jenipapo e foram as ruas declarar seu amor a causa indígena. Outros incansáveis na cobertura e organização e divulgação do evento ainda estão trabalhando na finalização dos produtos da jornada.

O que me deixou ainda mais feliz foi o fato de conseguimos trazer para as palestras e oficinas alguns universitários indígenas da UFPA. Durante esta semana em nossa agência experimental nossos estagiários, voluntários e estes alunos da UFPA trabalharam duro, se conheceram, riram e brincaram juntos. Calouros indígenas e não indígenas foram para rua fazer performances juntos, entraram no estúdio de rádio juntos  e produziram juntos. Muitos deles calouros da Estácio, viveram pela primeira vez a comunicação em ação de forma intensa e melhor, dentro desta perspectiva de diversidade e diálogo cultural. “Fiquei lisonjeada e por muitas vezes emocionada, a cobertura do evento teve um ritmo intenso e me mostrou de fato o amor que tenho por essa profissão” completa Camila Andrade, estudante do primeiro período de Jornalismo.

Durante o processo de realização da semana surgiu um novo desafio: fomos convidados pelo Boulevard Shopping a montar também uma exposição em suas dependências. Buscamos novos parceiros e conseguimos montar no 3º piso de lojas a exposição “ÍNDIO QUER SABER: CARBONO É DE QUEM?” com objetos de diferentes Povos Indígenas da Amazônia Legal. É a Estácio FAP graças a todos vocês acontecendo além de seus muros, intervindo na cidade por mais 12 dias.

Graças a todos vocês: alunos, ex-alunos, estagiários, voluntários, colaboradores, professores, técnicos, universitários indígenas e pesquisadores-convidados pudemos oferecer aos nossos estudantes palestras maravilhosas, exposições, oficinas, mapas, artefatos, vídeos, performances e pinturas corporais.

Obrigada. Agradeço também a SEMA, FUNAI, SEJUDH, SEEL, INOVA COMUNICAÇÃO, BOULEVARD SHOPPING e O LIBERAL por relevante apoio. Peço desculpas a todos por qualquer deslize cometido. Foi uma honra recebê-los na Estácio FAP. Estamos de portas abertas para vocês. E em breve apresentaremos os resultados deste encontro.

Atenciosamente,
Prof. MSc. Vivianne Menna Barreto
Coordenação de Publicidade e Propaganda

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Epidemia de manchas pretas andam se alastrando pela pele dos alunos da Faculdade Estácio do Pará, aparecendo no corpo de pessoas que fizerem pinturas indígenas com  jenipapo durante a I JORNADA DOS POVOS INDÍGENAS.

A primeira a perceber estas machas foi a Professora Viviane Menna, também a primeira a fazer a pintura. Ao perceber já estava manchada de preto em seu rosto e braço. A professora relata que estava envergonhada a principio mas ao entrar na Agencia PAI D’ÉGUA – agencia experimental da Estácio FAP – percebeu  que  grande parte dos estagiários que lá estavam, e que também haviam feito as pinturas, estavam com manchas pretas semelhantes as dela.

A cada dia mais manchas pretas se espalham entre os alunos por que no momento em que a pessoa pintada dorme e começa a suar a tatuagem em contato com outras partes do corpo funciona como um carimbo.

Então fica a dica: se for fazer pintura corporal indígena com jenipapo, após 4 horas lave bem a pele e só durma com manga comprida e… cuidado com pessoas que fizeram estas mesmas pinturas dormindo ao seu lado pois senão o próximo manchado pode ser você!
Por Naomi Vilhena

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Fotos: Albany Lobo

Por Júlio Matos

Seguindo o ciclo de palestras do primeiro dia da 1ª Jornada dos Povos Indígenas, a Estácio FAP recebeu no inicio da noite desta segunda (16) a Professora Rita de Cássia Almeida Silva, formada em Letras e que ministrou a palestra “Mitologia Parakanã”.

Para agregar alunos de outras áreas do conhecimento, não só da Comunicação, a professora e uma das coordenadoras da jornada, Vivianne Menna, resolveu locar a palestra em uma sala de aula dos alunos de Moda da FAP.

Rita de Cássia expôs o projeto que desenvolveu entre os anos 1997 a 2002 e que originou um DVD que ilustra o Histórico, a Cultura e o Cotidiano de um povoado situado entre os municípios de Itupiranga e Novo Repartimento, ao longo da rodovia Transamazônica, sudeste do Pará, o qual ainda apresenta uma grande extensão de terra preservada e com ricas florestas.

Para ela, o material final, após os estudos e coletas de dados, serve para mostrar o lado humano de outros povos. “Quando se reconhece no outro e se vê a igualdade, a diversidade é facilmente aceita”, diz.

Parakanã é como são conhecidos os índios do povo Awaete, que em Tupi guarani, sua língua, significa gente de verdade.

À época da divulgação do material com os dados da pesquisa, em 2005, os Parakanã constituíam sete aldeias, com aproximadamente 700 pessoas e hoje compõem treze, com mais de 890 habitantes, o que, segundo a professora, é considerado um alto crescimento demográfico.

Donos de uma rica cultura, entre suas várias festividades, uma que chama bastante a atenção é a Festa da Onça Pintada (Xavarateoporahai), animal que para os índios causa medo, mas também é reverenciado devido sua imposição. Após idolatrarem o animal, este é sacrificado pelos indígenas e os mais velhos, apenas os mais velhos, fazem colares com os dentes da onça e utilizam-no, passando aos demais a imagem de que são detentores de poder.

Povo bastante alegre, os Parakanã gostam de comemorar a alegria pela quantidade de comida sempre após a caça.

Seus costumes e hábitos ainda são preservados, como na caça, pesca e agricultura. Retiram da natureza, quase sempre, os recursos para sua subsistência.

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Fotos: Brenda Marx

Por Júlio Matos

Dentro da programação da I Jornada dos Povos Indígenas estão à disposição do público em geral exposições: na Estácio FAP encontra-se a fotográfica, com imagens de comunidades indígenas, seus costumes e crenças; e no Boulevard Shopping podem-se encontrar artefatos indígenas.

Segundo Viviane Menna, coordenadora da Jornada e do curso de Publicidade e Propaganda da FAP, a proposta é aproximar as culturas indígenas de nossa realidade. “Considerando que a FAP é uma faculdade inserida na Amazônia é muito importante aproximar os contextos amazônicos, os discursos, os povos tradicionais, da realidade dos alunos de todos os cursos da instituição. Realizou-se uma programação voltada para este contexto e as exposições fazem parte dessa ‘visualidade dos povos indígenas’”, comenta.

Para a Estácio FAP foram levadas duas exposições: na Biblioteca Benedito Nunes estão “Recortes da Arte e do Cotidiano”, exposição sobre Cultura Material e os Jogos Indígenas, o qual este ano acontece no mês de agosto em Mosqueiro (PA). “As imagens foram feitas em jogos indígenas, e visa-se provocar a curiosidade para se ir fotografar, conhecer e poder divulgar, difundir esta cultura”, analisa Viviane.

Já no Hall do 1º andar do bloco D da faculdade a exposição “Pimenta em Pó Wai Wai” mostra todo o processo de produção de pimenta. As pimentas são secas, moídas e embaladas para comercialização pelos próprios indígenas. Esta mostra tem o apoio da Secretária de Meio Ambiente (SEMA), que foi a responsável em desenvolver este projeto.

Ainda no bloco D encontram-se também imagens de uma comunidade que foi recentemente contatada, que é a etnia “Zo È”, a qual vive na área indígena de Cuminapanema no norte do Pará. Tanto na Biblioteca quanto no bloco D, as visitas poder ser feitas até 31 de maio.

E no Boulevard Shopping estão em exposição artefatos indígenas. Para quem quiser ter um contato maior com a arte destes diversos povos basta ir ao local até dia 29 de abril.

“É um privilégio para poucos conviver com outras culturas. A diversidade é irmã da criatividade. Fornece novas idéias, idéias de novas ações, de novas fotografias para serem feitas… hoje se fala muito em economia criativa e é preciso que haja cidades que incentivem este tipo de economia, valorizando-as através da diversidade”, emociona-se a professora Viviane.

Para Rodrigo Ederiehe Karajá, indígena da etnia Karajá, foi muito bom toda essa parceria entre a Estácio FAP e as comunidades indígenas na I Jornada dos Povos Indígenas. “Um prestígio para nossa cultura, conseguindo-se buscar benefícios para o nosso povo”.

Aguimon-idioraru Karajá diz: “Foi tudo muito interessante. Foi realizada uma grande programação nessa jornada junto com o nosso povo. Agradecemos muito por termos sido convidados a participar deste evento. Um intercâmbio, onde aprendemos com os alunos da FAP e eles aprenderam com a gente”.

“As imagens em exposição são geniais. Conseguem explorar a cultura indígena e colocar até nós essa realidade” disse Amanda Viana estudante da FAP.

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Fotos: Jéssica Bremgartner

Por Camila Andrade

O antropólogo Rodrigo Piquet de Mello, da FUNAI, contribuiu para a ambientação ao tema discutido durante a semana da I Jornada dos Povos Indígenas, falando um pouco sobre alguns aspectos e características das comunidades indígenas dentro do nosso contexto.

Rodrigo iniciou a palestra fazendo uma contextualização geográfica sobre o tema quando ressaltou para o fato de comumente existir a idéia da vivência de índios apenas na região norte do Brasil. Os povos indígenas eram milhões antes do inicio da colonização, e viviam próximo ao litoral de todo o continente sul das Américas. Com o ocorrido estes povos foram se deslocando para as regiões mais distantes e adentrando também a região amazônica, se fixando aqui com mais intensidade, mas já bem menos numerosos e a realidade hoje é lastimável segundo o antropólogo.

Porém não podemos deixar de lado em hipótese alguma a noção de que vários povos e etnias vivem em diversas regiões no país. A exemplo disso o presidente da Associação de Alunos Indígenas da UFPA Edmar Fernandes, que foi palestrante na mesa que discutiu REDD e Crédito de Carbono, é de origem Kaygang e nasceu na aldeia Chimbang, morou a maior parte da vida na aldeia Chapecozinho na região oeste de Santa Catarina. Hoje Edmar é formado em direito e faz mestrado na UFPA – Universidade Federal do Pará – além de estar à frente da associação em defesa dos direitos de seus parentes como diz o presidente.

Em um segundo momento foi discutida a questão da saúde como um todo. A idéia de manter o “homem branco” longe destes povos e reservas indígenas, tanto é uma questão que envolve a preservação pela não degradação e desmatamento quanto em prol da salubridade do ambiente. Doenças fizeram parte da história da dizimação de povos indígenas junto a outros fatores históricos que conhecemos. A exploração mineral por meio de garimpos, também é proibida haja vista todos estes motivos.

LÍNGUAS E CARACTERÍSTICAS ETNICAS

É um equivoco afirmar que neste país fala-se apenas uma língua. Temos mais de 180 línguas diferentes, porém é percebido que as línguas indígenas são menos expressivas devido a quantidade de falantes atualmente. Há línguas já consideradas extintas e outras a beira da mesma situação.

Por esse motivo o PRODOC IN – Projeto de Documentação de Línguas Indígenas – da UNESCO reconhece a importância cultural e histórica do registro e preservação dessas línguas.

Uma representante indígena do povo Xipáia e outra dos Kayguang falaram em entrevista na Estácio FAP o quanto se sentem sensibilizadas quando falam da extinção de seu povo e sua língua, é como perder um identidade, uma família.

Em uma região quase inóspita próximo a Altamira moram os Zo-é, tomados como exemplo pelo palestrante quando as características de povos indígenas fora, colocados em pauta.

Pinturas geométricas através de traçados específicos, são um padrão identificador de cada povo, cada etnia. Entre outras características incomuns os queixos avantajados dos Zo-é chamam atenção.

As manifestações culturais mostram o quanto a arte e a cultura material andam juntas segundo Rodrigo. E quanto a divisão de trabalho, é diferente de outros costumes quando considera todos capazes de fazer qualquer tarefa, porém existem algumas funções apenas das mulheres, por exemplo, como a responsabilidade pela pintura corporal.

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Fotos: Ysamy Charchar

Essa foi a temática da ação que usou marketing de guerrilha para divulgar a exposição “Índio quer saber: Carbono é de quem?” que estará no 3° piso de lojas do Boulevard Shopping até o dia 29 deste mês. A Faculdade Estácio do Pará, na noite de quinta-feira (19), usou toda a temática discutida para homenagear nossos convidados da Associação de Alunos Indígenas da UFPA em pleno dia do índio dentro Boulevard Shopping.

A idéia inicial surgiu a partir de um grupo de alunos do 5° semestre do curso Publicidade e Propaganda e empolgou a Coordenadora do curso da Estácio FAP e todos os posteriormente envolvidos.

“Segundo pesquisas de estudiosos, o abraço têm o poder de motivar e dar um novo sentido de vida tanto para quem o recebe, quanto para quem o faz. E é isso que todos nós estamos precisando com toda essa nossa vida agitada nos dias de hoje”  declarou a aluna de Comunicação Social Suelem Carvalho, 20 anos.

A iniciativa chamou a atenção de quem passeava pelos corretores e envolveu emocionalmente a todos. “Foi uma  experiência  única, eu cheguei  aqui, vi o movimento das pessoas e me  aproximei para  ver o que  era. Quando percebi já  estava  sendo  abraçada por  algumas pessoas e  simultaneamente também  já  saí  abraçando  as pessoas   ao meu lado” relata Maria de Fátima Feitosa, aposentada de 63 anos que  trouxe os seus netos em passeio.

 Por Ysamy Charchar

Fotos: Jéssica Bremgartner

Por Camila Andrade

A relaçao entre diferentes comunidades acontece com o intuito de aproximar de todos os envolvidos conhecimento, experiencia e sensibilidade. Sensibilidade que provém do respeito. Respeito pelo outro. E nao seria diferente em uma iniciativa como esta, a I Jornada dos Povos Indigenas da Faculdade Estacio do Para, um evento que envolveu a participaçao de diversos educadores, alunos, voluntarios e do publico, que trouxe a vista questões que devem ser discutidas pela sociedade, afinal somos formadores de opinião e braços para a construçao de ideias e ideais que devem sair de nossas cabeças pensantes e colocadas em pratica. É quando volto a palavras chaves RESPEITO e AÇAO.

Agradecemos desde ja aos representantes dos povos indigenas PARKATEJE, XIPAIA, KARAJA entre outros que nos prestigiaram com a presença nas palestras, mesas e oficinas. Esperamos ter contribuido de alguma forma para o crescimento enquanto acadêmicos, e torcemos pela causa abraçada quando sairam do convivio diário em suas aldeias de origem para buscar mais conhecimento e experiencias diferentes em prol de seus povos e comunidades.

 

Foto: Albany Lobo

Por Júlio Matos

Além de palestras, exposição e oficinas a 1ª Jornada dos Povos Indígenas que acontece até 20 de abril na Estácio FAP, realizou na manhã desta quarta (18) uma Mostra de Documentários Indígenas, tendo como ponto alto a exibição de “GAVIÃO KIYKATÊGÊ: AS CONSEQUÊNCIAS DA CRIAÇÃO DO PRIMEIRO TIME INDÍGENA DE FUTEBOL PROFISSIONAL NO BRASIL”, de Tayná Martinez.

Ex-aluna FAP, Tayná diz que a ideia para o documentário surgiu quando ainda na faculdade de jornalismo entrou em contato com a disciplina Projeto Experimental I, à época ministrada pela professora Vivianne Menna. “Minha ideia era a princípio falar da evasão de renda do futebol paraense, já que eu gosto muito de esportes. Mas a Vivi, conhecendo meu pai, falou: por que não juntar algo que você gosta com uma paixão do seu pai, que são as culturas indígenas? Acho que pode dar certo”, revela.

A partir de uma iniciativa tomada dentro de sala de aula, resolveu-se falar do primeiro time indígena de futebol do Brasil, que é o GaviãoKiykatêgê Futebol Clube.

Tayná recebeu o auxilio do pai, da madrasta e do namorado, e sem recursos para “bancar” uma equipe profissional, foram juntos, com materiais caseiros, até a zona rural da cidade de Marabá, sudeste do Pará, onde se localiza a aldeia Gavião Kiykatêgê, na qual se pode notar tradições antigas mesclando-se com a modernidade tecnológica de inventos como a internet.

A visita à aldeia durou cinco dias. “Foram dias de muito conhecimento, muita coisa boa aprendida com as conversas. A aldeia é algo de outro mundo, encantador. Se é muito bem recebido pelos índios”, analisa a documentarista.

Tayná fala que seu pai trabalha a mais de 20 anos com a cultura indígena, mas a primeira vez em que ela pisou numa aldeia foi justamente para produzir seu documentário, e a partir desse momento sentiua necessidade que se tem de fazer um trabalho em cima disto, daquela realidade.

Pondera também que os indígenas são muito carentes de atenção, e conseguiram resgatar a própria cultura – linguagem, pinturas, rituais, através dos meios de comunicação. Depois de formarem um time de futebol para firmarem-se enquanto Gavião Kiykatêgê, o primeiro time indígena, atraíram assim o olhar da imprensa. Vale ressaltar que antes de Tayná, nenhuma pesquisa de campo havia sido feita divulgando essaparte cultural deste povo.

O documentário de Tayná Martinez, feito de forma experimental, originou seu artigo de conclusão de curso, dando a ela nota máxima. Agora, a hoje jornalista, espera que os trabalhos que são realizados em aldeias sejam ainda mais frequentes e divulgados. O processo de hibridização da cultura, a utilização dos meios de comunicação pelos Gavião Kiykatêgê servem como exemplo. “Espero que o meu trabalho sirva como espelho, um projeto inicial para despertar o interesse de outros que consigam enxergar a necessidade que os índios têm de manter sua cultura, de manter a cultura do branco não deixando de lado a própria”.

Para Claudia Calderaro, estudante de Publicidade que acompanhou a exibição do documentário, este elimina o preconceito. “Serve para mostrar que índio não é só cara pintada. As imagens retratadas mostram uma nova visão do indígena, como aquele que não vive mais apenas em ocas, mas têm casas de alvenaria, bem como acesso a internet. É uma prova de que com a hibridização da cultura eles conseguem manter a própria”.

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Foto: Jéssica Bremgartner

Por Camila Andrade

Ricardo e Luciana Paul prestigiaram a I Jornada dos Povos Indígenas, junto a seus filhos que conversaram e trocaram experiências sobre costumes e culturas de povos indígenas. Em visita a Agência Pai D’égua – agencia experimental de comunicação da Faculdade Estácio do Pará – onde todo o evento foi pensado e em parte executado, o Diretor Geral da instituição elogiou a iniciativa e o trabalho dos estagiários junto à coordenação do evento.

Outra simpatizante da causa indígena é a jovem Naomi Vilhena (12) que visitou a Agencia Pai D’égua para conhecer de perto os universitários indígenas e aproveitou para pintar o rosto com urucum.