Foto: Albany Lobo

Por Júlio Matos

Além de palestras, exposição e oficinas a 1ª Jornada dos Povos Indígenas que acontece até 20 de abril na Estácio FAP, realizou na manhã desta quarta (18) uma Mostra de Documentários Indígenas, tendo como ponto alto a exibição de “GAVIÃO KIYKATÊGÊ: AS CONSEQUÊNCIAS DA CRIAÇÃO DO PRIMEIRO TIME INDÍGENA DE FUTEBOL PROFISSIONAL NO BRASIL”, de Tayná Martinez.

Ex-aluna FAP, Tayná diz que a ideia para o documentário surgiu quando ainda na faculdade de jornalismo entrou em contato com a disciplina Projeto Experimental I, à época ministrada pela professora Vivianne Menna. “Minha ideia era a princípio falar da evasão de renda do futebol paraense, já que eu gosto muito de esportes. Mas a Vivi, conhecendo meu pai, falou: por que não juntar algo que você gosta com uma paixão do seu pai, que são as culturas indígenas? Acho que pode dar certo”, revela.

A partir de uma iniciativa tomada dentro de sala de aula, resolveu-se falar do primeiro time indígena de futebol do Brasil, que é o GaviãoKiykatêgê Futebol Clube.

Tayná recebeu o auxilio do pai, da madrasta e do namorado, e sem recursos para “bancar” uma equipe profissional, foram juntos, com materiais caseiros, até a zona rural da cidade de Marabá, sudeste do Pará, onde se localiza a aldeia Gavião Kiykatêgê, na qual se pode notar tradições antigas mesclando-se com a modernidade tecnológica de inventos como a internet.

A visita à aldeia durou cinco dias. “Foram dias de muito conhecimento, muita coisa boa aprendida com as conversas. A aldeia é algo de outro mundo, encantador. Se é muito bem recebido pelos índios”, analisa a documentarista.

Tayná fala que seu pai trabalha a mais de 20 anos com a cultura indígena, mas a primeira vez em que ela pisou numa aldeia foi justamente para produzir seu documentário, e a partir desse momento sentiua necessidade que se tem de fazer um trabalho em cima disto, daquela realidade.

Pondera também que os indígenas são muito carentes de atenção, e conseguiram resgatar a própria cultura – linguagem, pinturas, rituais, através dos meios de comunicação. Depois de formarem um time de futebol para firmarem-se enquanto Gavião Kiykatêgê, o primeiro time indígena, atraíram assim o olhar da imprensa. Vale ressaltar que antes de Tayná, nenhuma pesquisa de campo havia sido feita divulgando essaparte cultural deste povo.

O documentário de Tayná Martinez, feito de forma experimental, originou seu artigo de conclusão de curso, dando a ela nota máxima. Agora, a hoje jornalista, espera que os trabalhos que são realizados em aldeias sejam ainda mais frequentes e divulgados. O processo de hibridização da cultura, a utilização dos meios de comunicação pelos Gavião Kiykatêgê servem como exemplo. “Espero que o meu trabalho sirva como espelho, um projeto inicial para despertar o interesse de outros que consigam enxergar a necessidade que os índios têm de manter sua cultura, de manter a cultura do branco não deixando de lado a própria”.

Para Claudia Calderaro, estudante de Publicidade que acompanhou a exibição do documentário, este elimina o preconceito. “Serve para mostrar que índio não é só cara pintada. As imagens retratadas mostram uma nova visão do indígena, como aquele que não vive mais apenas em ocas, mas têm casas de alvenaria, bem como acesso a internet. É uma prova de que com a hibridização da cultura eles conseguem manter a própria”.