Por Júlio César Matos
Na manhã desta quarta (16) iniciou-se na Estácio FAP o ciclo de palestras referente à 1ª Jornada dos Povos Indígenas, evento realizado para discutir e debater o interesse desta população.
Para ministrar a palestra “Alguns Aspectos da Etnicidade e das Culturas Indígenas” foi convidado o Antropólogo Rodrigo Sabóia Piquet, representante da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
Piquet abordou como tema questões como os índios no Brasil hoje, os quais ainda vivem sim em aldeias, mas também se encontram em grande quantidade vivendo nos meios urbanos onde têm acesso a melhores oportunidades nos setoresde educação e saúde, principalmente.
Foram relatados os critérios para se ter uma identidade indígena, para se definir um índio, que perpassam desde o critério legal, quando só se era índio aqueles que viviam em aldeias, e seguem até a atualidade quando o critério mais importante é a identificação étnica.
A questão da saúde indígena também fora levantada, relatando a incapacidade dos governantes em criar políticas sociais relacionadas à saúde, tendo em vista que populações de índios sofrem com a malária, doença que atinge a maioria das comunidades.
Mais tarde, a Professora Rita de Cássia Almeida Silva, divulgou sua pesquisa sobre os índios Parakanã, na palestra “Mitologia Parakanã”.
Após mais de cinco anos estudando, pesquisando e coletando dados, Rita de Cássia organizou todo o material conseguido e assim originouo DVD Parakanã, uma coletânea que arquiva e dá acesso a todos sobre o histórico, a cultura, o cotidiano e as narrativas de um povo que nos últimos sete anos tiveram um alto crescimento demográfico passando de 700 indígenas para aproximadamente 900, distribuídos em treze aldeias hoje.
A preocupação central ao se realizar o estudo teve seu objetivo alcançado, o qual é: após as pessoas – com base no DVD organizado – se enxergarem no outro e perceberem a igualdade, a diversidade se torna facilmente aceita.
Os Parakanã ainda praticam hábitos originais e vivem em uma grande extensão de terras, preservada, no meio da floresta Amazônica.
Encerrando as palestras do dia, chegou a hora dos representantes do Grupo de Estudos Populacionais Indígenas (GEPI), da Universidade Federal do Pará, Raoni Arraes e Willame Fonseca abordarem como tema o “Cinema Indígena como Ferramenta de Preservação Cultural”.
As produções cinematográficas indígenas foram o ponto alto da abordagem, onde os palestrantes colocaram-nas como perspectivas do indígena para os brancos bem como para seu próprio povo.
Através delas é possível registrar-se práticas sociais nas aldeias, podendo conservar a memória tanto material como imaterial das comunidades: suas artes, ferramentas, costumes, crenças, vestimentas e manifestações.
O cinema indígena é também uma ferramenta política, na qual os índios têm mais condições de expor as problemáticas das comunidades, expressando-se “nas próprias palavras” sem intervenção do outro.